Versos que atravessam o Atlântico, entoados em cântico Sentimentos à frente de um peito romântico Ontem navegavam caravelas sob o ar Hoje flutuam aviões pesados sobre o mar Passaram séculos, pessoas e credos Sentimentos injustos ou mesmo incrédulos Ações convertidas ao incerto Porque sempre é adiante, no princípio é o verbo Flores, guerras, pensamento não encerra Arte é semente que germina sobre a terra Terras distantes, pessoas distantes Todas unidas na prateleira dessa estante Trovadores, repentistas, partideiros versadores Palavra recitada por amores, dissabores Europeus, asiáticos, africanos, sul-americanos Uma língua comum que uniu seres humanos P'ra Lusofonia nasce um novo dia Os povos acordaram numa mesma sintonia Língua, sonho, RAP, rua O ritmo saiu de uma cabeça como a tua Nascido no maior gueto do mundo, no continente Africano Comprei um passaporte para o outro lado do oceano Com os trocos que eu ganhei, mano Deixei tudo para trás, atrás do sonho Lusitano Construi e limpei as moradias da Tuga Com força e empenho de quem nunca teve uma Eles enganaram-me, ou eu errei, é minha culpa É a vida dos nossos pais numa história curta Mas nem tudo que ficou, ficou para trás Nasceram novas Áfricas em mil lugares Nasceram novos mundos, nasceram novos mares E os homens todos juntos procuram a paz Mas antes da paz vem a justiça Vem uma mesa redonda cheia de comida Onde os filhos dos escravos e dos donos se sentem em harmonia Comem e bebem em alegria, até nascer um novo dia P'ra Lusofonia nasce um novo dia Os povos acordaram numa mesma sintonia Língua, sonho, RAP, rua O ritmo saiu de uma cabeça como a tua Sementes planto no campo semântico Sente o trânsito Atlântico É mais um canto transatlântico Enquanto o coração transplanto para esta folha em branco Formo um bando de versos forjados em lume brando No entanto, educamos manos, formamos guerreiros Somos homens de palavra, na jornada pioneiros Eu vim do Rio Douro até ao Rio de Janeiro E no fim, do Galeão até Francisco Sá Carneiro Vi a Lusofonia nesta arte que me guia E não derrubei a barreira, a fronteira não existia A minha bandeira é musical, a nossa língua universal A maior arte é a vocal, infinito manancial Tempestade mental, torrencial gramatical Somos construtores de pontes entre o Brasil e Portugal Sente o gelo que derrete nesta terra do RAP Encurtamos as distâncias tal como a internet P'ra Lusofonia nasce um novo dia Os povos acordaram numa mesma sintonia Língua, sonho, RAP, rua O ritmo saiu de uma cabeça como a tua