Thiago Elniño

Atlântico

Thiago Elniño


O mais próximo de casa que eu estive foi o mar
Boto os meus pés na aguá e me lanço a pensar
Como é a vida aqui, como é a vida lá
Sinto que eu não sou daqui, pra casa eu quero voltar

O mais próximo de casa que eu estive foi o mar
Boto os meus pés na aguá e me lanço a pensar
Como é a vida aqui, como é a vida lá
Sinto que eu não sou daqui, pra casa eu quero voltar

Eu já escolhi o nome dos meus filhos
Mesmo sem saber se um dia vão nascer
Sinto medo de trazê-los à esse mundo
Onde eu tenho tão pouco pra oferecer

Não herdo a estrutura vinda de um passado
Eu minto se prometo algo pro futuro
E o mínimo que eu posso prometer
É que eu vou dar o meu melhor pra quando eles chegarem, eu juro

Menino, pra você eu tenho um nome de rei
Menina, pra você um nome de rainha
Pra ambos tenho aquilo que encontrei num sonho
Um reino pra família que eu chamar de minha

Roupas coloridas no varal
Roupas brancas cobrindo os nossos corpos sexta-feira
Um café pro preto velho na janela
Um marafo e uma vela, pra que exú nos guarde da trunqueira

É a vida que eu pedi pra Deus
Eu sei que oxalá é bom
Por isso eu faço mais que som
Trato como missão o que chamam de dom

Espalhando a ideia de que todo preto
Deve ter um lugar para chamar de seu
Eu me sinto a um oceano de casa
É como se faltasse um pedaço meu

Que eu transmute a dor em força
Ponte para eu voltar pra casa
E minha fé em nós, alimento e farol!

O mais próximo de casa que eu estive foi o mar
Boto os meus pés na aguá e me lanço a pensar
Como é a vida aqui, como é a vida lá
Sinto que eu não sou daqui, pra casa eu quero voltar

Pra casa eu quero voltar
Pra casa eu quero voltar
Pra casa eu quero voltar