Eu lembro dia e hora em que cismei de sair Pra ver as voltas que esse mundo dá Violão a tiracolo, decidido a partir E a minha mãe dizendo: Não vá! Meu filho, eu sei que um sonho mora em teu coração E, às vezes, toma conta de ti Mas diga se és capaz de dedilhar, ao violão As cinco notas mi, fa, sol, lá, si! Mamãe, essa pergunta não impede a partida! A estrada é feita desse vai-e-vem! Por mais que a senhora entenda um tanto da vida São sete as notas que a escala tem! Então, ela me disse: Vida e notas são tuas E és livre pra o teu sonho dedilhar Mas sei que, cedo ou tarde, darás falta de duas E é dessas que eu quero te falar É o dó, que o mundo não tem E o ré, que o tempo não dá Eu trouxe, na lembrança, aquele beijo na mão Que me abençoava em nome de Deus E, pra mudar o mundo, nada além de um violão Um santo e uma foto dos meus E hoje sigo um sonho, já coberto de pó Que eu dedilho à custa da fé E o mundo me acompanha em sua escala sem dó A me lembrar que o tempo não dá ré! Carrego, na garupa, outras tantas partidas A estrada é feita desse vai-e-vem Mas vejo, pelo tanto que hoje entendo da vida São cinco as notas que a escala tem Eu lembro que ela disse: Vida e notas são tuas E és livre pra o teu sonho dedilhar Mas sei que, cedo ou tarde, darás falta de duas E é dessas que eu quero te falar É o dó, que o mundo não tem E o ré, que o tempo não dá Dó, o mundo não tem Ré, o tempo não dá