Há uma taça quebrada Nas minhas mãos estendidas Não há cortes, nem feridas Só angústias na garganta Pois o vinho da paixão Me escapa por entre os dedos Tenho uma sede profunda Mas não consigo reter Todo líquido que se esvai Tenho aridez na minha boca Mas não consigo manter Tudo aquilo que se afasta E o vinho tinto que escorre Verte de dentro do peito E cada gota que foge Me falta no coração Deixando um vazio imenso Sem talho, sem incisão Tento juntar os pedaços Tento estancar o derrame Quero matar minha sede Sei que preciso beber Mas as frestas dos meus dedos Já não permite conter Sigo querendo mais vinho Sangrando Sem me cortar