Quando uma taça se vai E outra fica sozinha O merlot fica sem graça Sem lágrima, sem bouquet Taninos exacerbados Pra uma boca sem sorrisos A borda é faca afiada O bojo é um peito vazio De um cristal que prenuncia Fissuras inevitáveis Bailarina solitária No escuro da louçaria Taças existem aos pares! Nada vale serem gêmeas Em dimensões diferentes Nada vale um par de almas Afastadas pelo tempo Na vida, desparceiradas Por isso juntei as taças Pras hastes dançarem juntas Como corpos que se enroscam No escuro das madrugadas Como pés que se procuram Nas manhãs das invernias