José Carlos e Ataíde

Coração Materno

José Carlos e Ataíde


Disse um campônio a sua amada
Minha idolatrada, diga o que quer
Por ti vou matar, vou roubar
Embora tristeza me cause, mulher

Provar quero eu que te quero
Venero teus olhos, teu porte, teu ser
Mas diga tua ordem, espero
Porque não importa matar ou morrer

Ela disse ao campônio a brincar
Se é verdade tua louca paixão
Partes já e pra mim vai buscar
De tua mãe inteiro o coração

A correr o campônio partiu
Como um raio na estrada sumiu
E sua amada qual louca ficou
A chorar na estrada tombou

Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar

Tira do peito sagrando
Da velha mãezinha o pobre coração
E volta a correr proclamando
Vitória, vitória tem minha paixão

Mas em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
E à distância saltou-lhe da mão
Sobre a terra o pobre coração

Nesse instante uma voz ecoou
Magoou-se pobre filho meu
Vem buscar-me, filho, aqui estou
Vem buscar-me que ainda sou teu