Quando as nuvens, apressadas Vestem noite nas calçadas Para o bailado da lua Eu namoro uma vidraça Do apartamento na praça Do outro lado da rua A silhueta que eu vejo É dona do meu desejo Por que desejo, não sei Mas, na ilusão de um poeta Na sombra que se projeta Vejo a mulher que sonhei Eu quis gritar da janela Para contar tudo a ela Mas falei, no quarto, a esmo E o eco me fez sentir Que é preferível mentir Numa ilusão, a mim mesmo A Dona Felicidade Que com tanta ansiedade Procuramos, sempre em vão É a vidraça que se embaça No apartamento da praça Da nossa imaginação