Gerson Brandolt e Beto Villaverde

Do Pelo Que Não Nega

Gerson Brandolt e Beto Villaverde


O patrão numa volteada me apareceu com um cusquito
Duma racita moderna mais parecia um sorrito
Por serem loucos de buenos deu por ele uma exorbitância
Lidava com gado e " oveia " em todo serviço na estância

É do pelo que não nega disse muito sorridente
Pois eu nunca imaginava o que vinha pela frente
Tinha a volta do olho preta pus o nome de pirata
Que mal apeou do carro e já estraviou minhas alpargata

Para pirata! Pra trás pirata e nada de me escutar
A praga não afloxava e eu já rouco de gritar
Para pirata! pra trás pirata me disparava o arteiro
Eu fazia trocar de ponta dum laçacito campeiro

As orelhas eram enfeites na cabeça do animal
Corria tudo que é bicho e nunca dava um sinal
Terminou com minhas galinhas a criação era pequena
Fugia da cozinheira com a boca cheia de penas

Peguei um bagual gateado sestroso e passarinheiro
O cusco saltou na cola na saída do potreiro
Veiaqueou de vereda me plantou sobre um cupim
E o guaipeca desgraçado brincava em roda de mim

Para pirata! Pra trás pirata e nada de me escutar
A praga não afloxava e eu já rouco de gritar
Para pirata! pra trás pirata me disparava o arteiro
Eu fazia trocar de ponta dum laçacito campeiro

Se o gado tava no tronco só mordia nos "garrão "
Dava um serviço danado abichava no verão
Se saisse numa "oveia" ele arrancava um pedaço
E ligeiro como um gato pra se escapar dum balaço

Uma ' véia " solterona me pediu um cachorrinho
O danado teve sorte porque era bonitinho
" Devereda " fui no povo pessoalmente fiz a entrega
E elogiava o guaipeca que é do pelo que não nega

Para pirata! Pra trás pirata e nada de me escutar
A praga não afloxava e eu já rouco de gritar
Para pirata! pra trás pirata me disparava o arteiro
Eu fazia trocar de ponta dum laçacito campeiro