Dikamba Wa Ufolo

Ode ao Nada (part. Anacleto Diaz)

Dikamba Wa Ufolo


É tão complexo
Tão seco e tão frio
É o canto dos anjos
Que aqui chora oliveira

Mãe, tudo é sem nexo
Banal e vazio
É só mais um marmanjo
Que aqui se prolifera

Que, queria ser pessoa
Ter poltrona e a coroa
Mas, é apenas pó
Que o vento faz dançar

Queria estar na boa
Viver e rir à toa
Mas, está consigo só
Como frio, como ar

Na alvorada do silêncio
Que o seu imo protesta
Atesta-se com a verdade
Que não quer andar nua

Na madrugada do néscio
Que mentiras ostenta
Pois tenta a liberdade
Mas tudo aqui continua

Tudo é mesmice
Tudo é rótulo e vão
É inútil e baldado
Não querer partir mais cedo

É só desdisse
O mundo é um palavrão
Tudo aqui é degradado
Tudo aqui é medo

Quero partir e fugir
Sair até de mim
Abraçar-me ao nada
Entregar-me nalgum fim

Quero desistir de insistir
Eu quero ir
Num lugar maior
E melhor para sorrir

Esconder-se é fazer favor
Onde se quer dissipar
É o semblante do pavor
Que lhe foz emancipar

Escrever não tem sabor
A rosa já não tem perfume
E o poema do labor
Encontrou o azedume

Lugar de gente anónima
Que os olhos escondem
Lufada de trilha ótima
Dos ventos em desordem

Passa a vacuidade
Passa o insignificante
Passa o 'eu' dessa idade
E, continua degradante

Que sentido tem o ódio
Quando o amor desiste
Que chances tem o pódio
Quando a lama é que persiste

Quando a cama pede paz
Pede o abraço sincero
Mas, ali meu corpo jaz
Porque já mais nada quero

Que o mundo é zero, é
É nada, é nulo
Viver é só clichê
E ser vácuo, congratulo

Tudo é desencanto
É amargo e incolor
Caos de riso e pranto
Que pinta o desamor

Quero partir e fugir
Sair até de mim
Abraçar-me ao nada
Entregar-me nalgum fim

Quero desistir de insistir
Eu quero ir
Num lugar maior
E melhor para sorrir