Já enfrentei touro à unha Já mostrei minha bravura Para eu sobreviver Enfrentei parada dura De roer osso na vida Gastei minha dentadura Eu estou quase perdido Mas o recheio de um vestido É o remédio que me cura Eu sou caboclo arrojado Sertanejo sem mistura Se avida fica amarga Eu faço ela ficar doçura Já cumpri minhas promessas E não quebrei as minhas juras Eu estou quase perdido Mas o recheio de um vestido É o remédio que me cura Já cansei de ter exposto O meu retrato na moldura Minhas obras publicadas Fazem parte da cultura E mesmo sofrendo bastante Não entrego a rapadura Eu estou quase perdido Mas o recheio de um vestido É o remédio que me cura Minhas músicas na praça É igual fruta madura Minha voz é uma medalha Onde bate, corta e fura Por causa de um amor Eu já fiz muitas loucuras Eu estou quase perdido Mas o recheio de um vestido É o remédio que me cura Enfrentei onça no tapa Mostrei que eu sou encardido Já tomei muitas lambadas Já tô de couro curtido Escapei de emboscadas Eu sou caboclo sacudido Tudo pode machucar Mas o que vai me matar É o recheio de um vestido Aprendi muitas lições Nas coisas que eu tenho lido O meu peito sofredor Já foi muito atingido Já fui picado de cobra E tantos bichos atrevidos Eu posso até me machucar Mas o que vai me matar É o recheio de um vestido Eu sou muito respeitado Nos lugar que eu tenho ido Eu só recebo elogios Porque eu tenho merecido Já levei tantas pancadas Que deixou meu corpo moído Eu posso até me machucar Mas o que vai me matar É o recheio de um vestido Minha vida é uma verdade Não é um caso perdido Eu já comi de tudo um pouco E com muito tempero ardido Sofri pra vencer batalhas Mas não estou arrependido Eu posso até me machucar Mas o que vai me matar É o recheio de um vestido Por uma flor pantaneira Fiquei de queixo caído Mas quem não chora, não mama Chorão é meu apelido Uma espada que não mata É a espada do cupido Pode até me machucar Mas o que vai me matar É o recheio de um vestido