Depois de um dia de trabalho, morta de cansar Chegue em casa e feche todas as portas e janelas Coloque um disco da marisa monte, Acenda um cigarro e abra uma garrafa de vinho Tenta aquecer a alma Já pensou em beber perfume para perfumá-la também Desbotada, chora E recapitula a sua vida e os caminhos, quase sempre tumultuados que escolheu Cuida de uma planta, um alecrim E sente todas as dores do mundo Já tentou não senti-las e ficou tão anestesiada devido excessos que teve que engolir, Que preferiria morrer a experimentar aquela negritude novamente. Chegar a conclusão de que sentir é muito pior do que não sentir Que até a dor preenche o seu vazio, E o mundo moderno, as decepções diárias, As relações cada vez mais liquidas, a fazem pensar constantemente em jogar tudo para o alto e desistir Mas então vem uma fina em Deus e naquilo que ela acredita ser misto E busca respostas, nos oráculos, búzios, tarô, Leitura de mãos, trânsito astrológico, E todos, sem exceção, pedem a ela paciência e mais nada Enxuga as lágrimas e continua o roteiro diário, Pacientemente, sentindo todas as dores do mundo Pacientemente, esperando respostas, Pacientemente, depositando esperanças numa vida melhor e num amor que ainda não bateu na sua porta