Oh patrão me dá licença Permita desencilhar Tô com três dias de viagem E preciso descansar Meu cavalo tá pisado Não tenho outro pra enfrenar A minha viagem é longa E eu tenho que continuar. Lá na estância Santa Lúcia Precisam de peão campeiro Diz que vai ter marcação E castração de torneiro Tô pensando em me casar Não quero morrer solteiro Mas nessa pua que eu ando Pego até de peão caseiro. Eu vivo campeando changa No meu ofício tá escasso Faz um ano e quinze dias Que eu não pego mais meu laço Mas nem por isso parceiro Falta confiança no braço Na estância, sendo preciso Qualquer um serviço eu faço. Sou vaqueano numa doma Amanso boi pra'o arado Quebro milho na lavoura Sou mestre num alambrado Tiro leite na mangueira Corto lenha de machado Tranço corda pra'os aperos Nas horas que estou folgado Eu sou do sistema antigo Serviço não me intimida No meu ofício de peão Sou conhecedor da lida Indo de estância em estância Assim, vou levando a vida Quando deixar este mundo Minha missão foi cumprida.