Sigo naquela paz com toda violência Enquanto vivo calado E a elite escolhe por mim No espelho do meu carro Vejo a ação e o estopim Dois suspeitos de assalto Correm tentando fugir Com os joelhos cansados Se entregam sem reagir Preciso de reforço aqui na Antônio Sales Fechem o comércio, principalmente os bares Suspeito de chinelo, elemento cor padrão Resistindo a prisão, resistindo a opressão Chute na cabeça, ajoelhado e um pescoção Nenhuma reação algemado e camburão O meu sangue ferve mas eu sinto até prazer No final isso é trabalho, mas também o meu lazer E ai ladrão, o que cê vai dizer agora? Enquanto eu te prendo a sociedade comemora Meu salário é mais alto, o aluguel tá garantido Sua família fica em falta e olha cê tá fudido Sigo naquela paz com toda violência Bem vindo ao mundo cão, Ceará, Fortal, Brasil Ostento a minha farda, na TV você já viu Aplaudido na favela e no quartel ganhei medalha O sistema é assim mesmo eu não enxergo qualquer falha Mais um dia a serviço já sem paciência O primeiro que rodar descarrego violência Pra mim é natural Aqui sou maioral Lavagem cerebral Programado pra fazer o mal Procedimento padrão é torturar e espancar Não o que é respeito, tolerância ou amar Não vou me aprofundar nessas questões da vida Desigualdade é isso mesmo, não existe outra saída Sigo naquela paz com toda violência