Há um caminho estreito que se perde no horizonte Por onde passam tantos que se vão país adentro Entre campos e cerrados, por banhados, selvas, montes E eu também cruzo por eles no olhar dos sentimentos Vou deixando atrás aldeias, com seus pátios, suas quintas Em sertões muito distantes dessa pressa das cidades Onde mesmo o próprio tempo tem mais tempo para a vida E parece andar tão lento que nem se vê sua passagem Há um caboclo que se estira numa rede em Altamira Há um caipira que proseia numa venda em Cambuquira Há um mambira que não sabe como é que a Terra gira E um mambembe que encena em plena praça uma mentira Há um povo de verdade E que nas telas não se vê! E que luta dia a dia Igual a mim e a você Uma gente que resiste e no futuro ainda crê O Brasil dos invisíveis O que não passa na TV Há vilarejos nos fundões com ruas empoeiradas Povoados ribeirinhos com barcaças coloridas Casas velhas resistindo com paredes descascadas Ranchos toscos, palafitas, abrigando tantas vidas Continente dos que vivem mais além dos refletores Nas batalhas invisíveis de carências rotineiras Homens simples resistindo, vida a fora lutadores Que jamais negam a mão para uma ajuda verdadeira!