Naquele tempo Era uma árvore alta e de porte erecto Destacava-se de longe na paisagem Da savana que a cercava Nunca se soube ao certo da sua idade Pois a sua duração não era contada em dias Nunca se soube ao certo da sua idade Pois a sua duração não era contada em dias E investida nessa secularidade Era possuída de uma espera Em forma de predestinação Em forma de predestinação Havia se aclimatado naquele nu lugar Não mais sentia as intempéries Dos ventos soprados do desfiladeiro Mas escondia sempre o medo das pancadas surdas De penetrantes objetos e bem reluzentes Mas escondia sempre o medo das pancadas surdas De penetrantes objetos e bem reluzentes Usados por pequenos vultos em movimento Tudo fazia parte do seu destino Soltar estrelas pelo infinito Soltar estrelas pelo infinito Entregava-se à contemplação da paz No campo da nudez da noite enluarada Ansiava alcançar a cada madrugada E divisar longas planícies entre o horizonte Ansiava alcançar a cada madrugada E divisar longas planícies entre o horizonte Incendiados pelo clarão do sol nascente Sonhar envolvendo-se no silêncio Nas tardes inertes de espera Nas tardes inertes de espera Um dia, quando a aurora vinha arroxeando o céu Alertada pelo seu temor que a noite estava em adormecido No seu íntimo sentiu que a hora era chegada E projetou-se, então, em vão, para fora da terra No seu íntimo sentiu que a hora era chegada E projetou-se, então, em vão, para fora da terra E logo percebeu que estava ali enraizada Paralisada para o espaço E eis que um vento forte lhe oscila E eis que um vento forte lhe oscila Sumo súbito Foi como se uma centena de raios tivesse a lhe atingirem No seu tronco penetrando bem profundamente Suas folhas se soltando como num adeus No seu tronco penetrando bem profundamente Suas folhas se soltando como num adeus E nesse momento tombou e foi caindo Rangendo e estalando até o final Em seguida decepada em pedaços Levaram-lhe para lhe retalhar No outro dia aquele resto de árvore Em forma de madeiro desfilou Pelas ruas de Jerusalém até o monte E o Cristo morreu cravado em seus braços