O meu nome é Sebastião Rodrigues de Carvalho Fui carreiro e com saudade lembro os tempos de trabalho Hoje eu moro na cidade mas nem de casa não saio Chego a sonhar com meu carro cortando pelos atalhos Quatorze boi todos manso desde a guia ao cabeçalho Nome da minha boiada até hoje estou lembrado Redondo e Marechal, Craveiro e Desejado Jagunço e Violento, Estrangeiro e Numerado Retaco e Barão, boi baixo arreforçado Maneiro e Rochedo, doze boi aparelhado Na junta de cabeçalho, Ouro Preto e Coração José Martins de Azevedo, o nome do meu patrão Na fazenda São Luiz, onde eu morei um tempão Cortava aquele serrado lotadinho de algodão Dava um dueto doído o gemido do cocão Hoje eu moro na cidade mais não posso acostumar Em outubro fez dois anos que eu deixei de carrear Às vezes quando estou sozinho eu começo a lembrar Parece que estou escutando o meu carro a cantar Eu nasci pra ser carreiro não nego meu naturar