Quando a tarde vai-se embora E aumenta mais a saudade Olhando pela janela A imensidão da cidade O destino por maleva Na cidade me embretou Às vezes fico pensando A mim mesmo perguntando Se ainda sei quem eu sou Eu sou um bugre do mato Que o destino deu um pialo Sou capataz de fazenda Sem arreio e sem cavalo Eu sou o Rio Grande antigo Caminhando pela rua Fazendo rondas gaúchas Em cada quarto de lua Eu sou um Quero-Quero triste Que campeia onde pousar Eu sou a vertente d'água Que não parou de pulsar Eu sou o próprio ginete Gineteando campo à fora Sou a roseta ensanguentada Sou madrugadas de geada Sou saudade lá de fora Eu sou um bugre do mato Que o destino deu um pialo Sou capataz de fazenda Sem arreio e sem cavalo Eu sou o Rio Grande antigo Caminhando pela rua Fazendo rondas gaúchas Em cada quarto de lua Sou rancho de Santa Fé Sou guarda-fogo de angico Que vai queimando solito No borraio do galpão Eu tenho garra de peão Que morre, mas não se entrega E a cidade não agrada Quem cresceu pisando geada E dormindo nas macega Eu sou um bugre do mato Que o destino deu um pialo Sou capataz de fazenda Sem arreio e sem cavalo Eu sou o Rio Grande antigo Caminhando pela rua Fazendo rondas gaúchas Em cada quarto de lua