Me chamaram de caiçara Por morar neste banhado Fiz este rancho de palha De sapé fiz o telhado Aqui não é bangalô Me sinto bem confortado A minha cama é a esteira Um tronco é minha cadeira Aqui passo horas sentado Bem de manhã eu acordo Com o canto da passarada O galo está no poleiro Anunciando a alvorada A Lua banhando as serras Clareia toda a chapada O perfume da floresta Os passarinhos em festa O rugido da bicharada A seriema passeando Naquela relva molhada O gavião muito esperto Sai com a presa agarrada O inhambuzinho piando A juriti em revoada A saracura chamando O João-de-barro entoando Um dueto lá na baixada A codorninha faceira Desfilando lá no serrado No galo da laranjeira Sabiá canta dobrado A tarde tem pescaria Eu tenho poço cevado Neste santuário divino Eu pesco desde menino Neste vale abençoado