Dá licença, pra mim falar tudo aquilo que eu vejo Coloquei em papel tudo aquilo que eu almejo Prevejo certa revolta, mas não é isso que eu desejo Pelejo, mas não fraquejo por isso mesmo que despejo Informação que omitida pelo seu próprio sistema Nos impedindo de pensar e viver dentro desse ecossistema Dá caneta ao um favelado, é criar um grande problema Preto e pobre no teu jogo porém livre de algemas Inspiração são ancestrais que pela causa deram sua vida Atitude que por mim jamais será esquecida A luta continua até a missão ser bem sucedida Nos livros da escola, parece que minha história ficou perdida Com o passado não se brinca única coisa que quero é respeito Sem efeito e maquiagem pra esconder seu preconceito Diante da ignorância eu não vou ser mais sujeito A minha cor e meu cabelo não me define um suspeito Com conceito, repenso e assumo minhas responsabilidades Separo minhas vontades das minhas necessidades Minha prioridade é ajudar minha comunidade Pra que a maioria roubada seja tratada com igualdade É pura realidade e é obvio é notório Chega ser contraditório, seu discurso promissório É melhor sair do seu escritório e do seu mundinho ilusório Satisfatório vai ser meu vizinho te atender num consultório Sem emprego provisório, um professor dos seus filhos e netos Numa escola publica e de qualidade que é mais correto Com ensino médio completo, comida, assistência e teto Sem descaso e com atenção meu povo não era analfabeto É tenso, penso em silêncio frequentemente Muita coisa é dita, mas pra mim não é convincente Longe de mim querer ser ignorante Mas separo o que acho fútil do que pra mim é importante É que minha favela é uma fabrica de monstro, que agora ninguém mais segura Marginais criativos, ativos, trabalhando por amor cultura Invadindo suas estruturas, proliferando loucura Exemplo pra geração futura, não sofrer repressão ou tortura Crescer pensante, saudável com um bom ensino fundamental Diante do importante, rejeitar o superficial Perante o que nos definem e separam por classe social Comparando o valor de um humano com o preço do real Vê legal, se diz racial, banal, isso é pura alienação Meu direito vira Turismo pra gerar mais corrupção Favela não é um zoológico pra gringo fazer visitação Aonde seu cartão de visita é exibido, porém pena que é tudo ilusão Favela resiste, nos pacificar infelizmente não tem como Sempre insiste, mas não vou ser submisso ao seu trono Explorações que nos exploraram, com Cabral e o Colombo Colono, chicote no lombo e genocídio no Quilombo Distorção dos fatos, Globalmente televisionado Cada relato, padronizado, editado e publicado Pra te deixar controlado, te diz o que é adequado Menor revoltado: Se eu não me enquadrado eu então te enquadro A saúde nesse estado e o Estado não se incomoda Sem lazer, corte no transporte pra falsificação de nota Imagina o que seduz, uma caneta ou uma pistola Só que o destino conduz, corpo e mente em uma gaiola