Morreu um boi e eu tirei a guela Enchi de sebo do rim do campeiro Botei pavio e fiz uma vela Que na campanha se chama candeeiro Sobre a carreta ilumina a panela Onde eu preparo o velho carreteiro Penduro ele sobre o recavém O arroz seca eu ajeito o café Candeeiro velho que clareia bem Feito da guela dum boi jaguané Tu já clareaste o rancho de alguém De pau-a-pique, barro e Santa Fé (De pau a pique, barro e Santa Fé) O vento sopra e tu acende mais Mostra a macega onde o bicho deitou Foi lamparina dos meus ancestrais Muitos fandangos tu também clareou Os tempos idos te deixou pra trás Porque a evolução nos iluminou Lá na campanha não é mais usado E a juventude até nem te conhece Tareco velho num galpão guardado Com o passar dos anos num canto apodrece Por este poeta tu fostes lembrado Faço a homenagem, o candeeiro merece (Por este poeta tu fostes lembrado Faço a homenagem, o candeeiro merece) Te desprezaram rico traste antigo Que no passado nos servistes tanto Vim te provar que sou teu bom amigo Em teu louvor esses versos que canto Deixa o galpão, vem clarear meu jazigo Quando eu partir lá pro campo santo Não sou nervoso e nem sofro de trauma Nas horas bravas eu sempre fui forte Candeeiro velhor por favor te acalma Tu não te apaga nem com o vento norte Eu te escolhi pra iluminar minha alma Quando chegar o dia da minha morte (Eu te escolhi pra iluminar minha alma Quando chegar o dia da minha morte)