Um chamego de mar, no chão de kaapuã Seio aconchegando o paraíso Monã me derramou depois do fogo Ao tentar criar de novo, um mundo de juízo Deu a irin-magé seu par Pra semear tupinambá Maíramûana, filho karaíba No guizo do maracá, mostrou a cura, o cauim E os caminhos até mim, guanabara-guajupiá E xamã falou da bravura, mais sagrada Que terra boa, é terra preservada E xamã falou da bravura, mais sagrada Que terra boa, é terra demarcada Você é karióka da onde, malandro? Da taba! Seus passos vêm de longe Sua sede bebeu minha água Unha de onça, garra de águia destemida Abá quando encara a morte Kunhã quando enfrenta a vida Ê, ê, curumim, hoje tem festa no okara Corpo e alma no tambor, já chegou a Tabajara E da minha enseada, eu vi Mandioca mascada Tupi não tem hora marcada Pra acabar com a brincadeira Canoa pega a cheia da Gamboa Até guirá-guaçu, em Madureira Portela me empresta o seu azul Que esbarra na barra do azul que é meu Fagulha de cor, estampando a cidade Aí que a esperança, renasce Como flor de manacá Ecoa um canto ancestral Na avenida, e a gente sonha ainda Que o rio pode se salvar