Somos uma senzala sem correntes Gente que fez, da dor, inspiração Da imigração, vem a herança Filhos da miscigenação Equilibristas na corda bamba da necessidade Desafiando a gravidade na mais pura arte do saber viver Arquitetando o dia a dia pra vencer A alegria revelando a nossa voz O morro vê do alto a cidade Se há justiça de verdade Alguém também há de olhar por nós A poesia cresceu por entre becos, Velas Chegou no asfalto e gritou: Eu sou favela! Somos artistas, romeiros... Barreiras vamos quebrar Com o improviso e a fé a nos guiar Lutar, para sempre lutar Até encontrar... No peito, a força da superação Driblar a miséria e a violência A esperança é a nossa missão Verás que um filho teu não foge a luta Virá um novo som a ecoar É diferente, o swing favelado Ninguém vai ficar parado, preconceito já não há As tribos se uniram pra vitória Chegou a nossa hora... Deixa o povo cantar! Eu sei que a morada do samba é lá (Ô) Por isso Deus vai nos abençoar Lá vem São clemente na passarela Mostrar ao mundo o que é favela