Dar-te-ão a mão esquerda E do peito, o carvão Acompanhar-te-ão até a sala dos crânios A biblioteca dos mortos E a ti, lerão estes versos Teus olhos buscaram no nada As cores que desconhecem dentro de sí Tateando no horizonte obscuro Prismas de crepúsculos idos Será a misericórdia um cadáver E a voz em tua cabeça mera lembrança Da fonte pura dos pecados E dos mitos do que haja sido esperança Quando a escuridão dominar Quando as sombras vierem A origem das lagrimas estará oculta E toda ordem de sentidos confusos Rindo, escutará tributos à tuas tristezas Agonizante, não irá crer em quem amas Músicas partirão do interior dos abismos E reconhecerás o cheiro do passado Quando ainda havia noite e dia Quando ainda havia Deus e o diabo Quando a escuridão dominar Quando você estiver sozinho Quando nada mais restar Quando a escuridão dominar A mesma que já dominou outrora O caos, quando nada mais restar Já não haverão promessas Nem lágrimas, nem olhos para chorar Nem mentiras socialmente aceitas Nem propriedades roubadas Nem apostas para fazer Ou corpos para torturar Quando a escuridão dominar A mesma que está viva Nem mais um pensamento, palavra, ação Apenas o silêncio desordenado, em tumulto Prestes a jorrar o eterno retorno