Almofada de missanga para deitar a cabeça e um fumo negro na manga antes que alguém adoeça. Quando saio pró emprego dizes-me adeus do postigo: Gosto de ti, seja cego, fique já aqui tolhido! Tomo o meu chá de limão na leitaria da esquina: ao beber treme-me e a mão se ao meu lado no balcão se empoleira uma menina. Almoço um pastel folhado volto ao escritório a correr sento-me à mesa apressado e logo o patrão, zangado, Antunes, não pode ser! No trinta e oito p´ra Chelas leio a bola ao solavanco passam postes e janelas chamam no alto as estrelas há quem voe para elas e eu sentado no banco. Esfrego os pés no capacho vens de robe dar-me um beijo que sejas nova não acho mas calo-me, ponho um pacho, e enquanto aqueces o tacho vai-se-me logo o desejo. E tu, em Marvila: Amor não gostas do meu cozido? mas seja lá como for gosto de ti sim senhor fique já aqui tolhido!