Entre o meu e o teu ser Tudo é permitido Lambaris de cristal E um bugio largado e rouco De uma acordeona fantasma Teu eco me responde No timbre dos caudilhos! Ibicuí da Armada A mulher cavalga sobre teu leito Um silêncio muito antigo Cai sobre os insetos Chegam homens maragatos Num pequeno bote Que encosta sem pressa Na outra margem O ronco da queda d'água Me chama de louco! Ibicuí da Armada A mulher cavalga sobre teu leito São três homens Três facões Com três lenços rubros São três sombras Três chapéus Que entram pela mata Três luas brilhando no aço São três degoladores Por sorte não me viram! Ibicuí da Armada A mulher cavalga sobre teu leito As cigarras recomeçam Com seu canto triste Eu mergulho como um bicho E nadando em águas profundas Revelo poemas aos peixes São versos do soldado Do poeta russo! Ibicuí da Armada A mulher cavalga sobre teu leito Limo e verbo Lodo e rima Louca a bala Laica Correnteza Movimentos Lanço a poesia molhada Ao toque dos seres gelados E quando volto à tona Os homens me descobrem! Ibicuí da Armada A mulher cavalga sobre teu leito São três palas Três anéis Com três vozes duras São três golpes Três metais E as três luas me partem ao meio Brilhando no espelho Das lâminas Meu corpo vai-se embora Na trilha das traíras E minha cabeça livre No gêlo dos cometas! Ibicuí da Armada A mulher cavalga sobre teu leito!