Vivo eu recolhidinho Escondido num trapiche De pau-a-pique e sapê E sabiás-laranjeira Espantam qualquer tristeza E se ama pra valer Lá não tem eira nem beira Mas há sempre uma esteira Pro corpo refestelar-se Tem feijão, arroz, mandioca Broa de milho, angu e paçoca De a própria fome espantar-se! Inexistindo ruindade E havendo paz, calmaria Te conto: A felicidade Não se ausentou um só dia Não se ausentou um só dia! Mas qual o quê, meu cumpadi Vivo é num esbanjamento De muito sonho e mentira Vivo pensamenteando Minto tanto pra mim mesmo Que minh’alma se arrupia E nessa casa sem eira Sem beira e nem tribeira Não há jeito-maneira De ser mais desinfeliz Falta amor destrambelhado Bem grudento e derramado Do jeito que eu sempre quis Afago a tonta esperança Que essa tal felicidade Que só de sonhá-la, enlouqueço Um dia talvez me apareça A me implorar, quase aos prantos Que o meu coração a receba