Trabalhar dia a dia Faz pensar se há vida Respiro e me inspiro no versar Ressoa e faz ecoar Na minha voz E eu canto para os males espantar Minha nação negra! Nagô! É maior e eu não vou! Me abater quando o mal me procurar Minha raiz africana! Não condiz com essa desigualdade E não vou mais me calar! E o mar de Iemanjá me jogou para a areia Minha calda virou perna Minha culpa virou pena Do sistema E esse lema eu e todas nós Sabemos onde acaba Redes de televisão Invadidas pela raiva antifascistas Que na rua queima os de terno O interno fere o patrão Hoje vocês tocam nossas meninas Despreza a pele que lota teu bolso Pra destruição fazem até esboço Mas não colabora para a nutrição E o tal do rei Se desgosta que no mar falta baleia Seu neto não vai poder ver Mas já vai nascer da treta E se veste a camiseta Fantoche sistemático No aquário de barro E aço, bloco A revolta é plena Não paro mais perante a sua arma Sei que grana não me basta O que basta pra uma vida calma é a pele clara O que eu posso Quando mal pude, tive que usar a arma Levar comida pra casa Que eu morava, apelidada calçada Caçada e sim, dei a cara tapa Cara a bala Cara a farda Cara farta Cara afasta Que eu trago na manga, cartas! Que abala, tu e teus privilégios Superação Super ração Chute é ração Pro sistema cão Rude informação Negação na televisão E o remorso bate Quando a bala também bate PM chega no abate Preto chega no caixão Negação! Não se negue, não! Não se negue, irmão! Não se negue, não! Trabalhar dia a dia Faz pensar se há vida Respiro e me inspiro no versar Ressoa e faz ecoar Na minha voz E eu canto para os males espantar Minha não negra! Nagô! É maior e eu não vou Me abater quando o mal me procurar Minha raiz africana Não condiz com essa desigualdade E não vou mais me calar!