Uma cigana do cabelo avermelhado leu na palma da minha mão Que eu tinha sorte E chegaria até meu norte sem muita preocupação E ela disse: Sorte é pra dá uma ajudinha Sem depender todo dia ou cê vai ficar na mão Porque o deslumbre pode fazer que não veja Tudo tem limitação, ah não Mas todo risco onde me meto é consciente De que muita ousadia tem um preço a se pagar Quando se tem coragem de bater no peito e dizer Não sou perfeito, vim aqui pra melhorar A dor do artista é ver que cada ousadia que Com seus pinceis comete, querem comercializar Porque a arte não se faz pra ser espelho refletindo o mundo injusto E sim martelo pra moldar Uma cigarra e seus cigarros pelos bares Procurando novos mares Pra voltar a navegar Só quem é louco pra tentar mudar o mundo E, como Chaplin, vagabundo É que faz ele mudar Meu pai me disse: Vai, desenhe seu destino Mas às vezes feche os olhos deixe ele desenhar Sou comunista como a Frida e não me Khalo dou minha arte Minha vida pra esse mundo melhorar A liberdade não se encontra em mil produtos Com o salário que eu ganho nem dá mesmo pra comprar Revolução não é brincadeira E sim saber que pra limpar qualquer sujeira tem que saber se sujar Toda cigarra tem um coração cigano E traz na manga seus encantos Somos filhos do luar Eu não nasci pra vim aqui pagar boleto E nem com todo seu dinheiro Cês consegue me comprar E se noite é uma criança eu sou brinquedo É o sol que chega cedo Eu nem tenho hora pra acabar Porque o desejo é maldoso e inquieto Vai tentando ser concreto Diferente do Sonhar Você não faz nenhum favor em dar emprego Eu é que faço seu dinheiro cê nem sabe trabalhar Quem é que o dono? Ele que herdeiro? Ou eu que planto? Essa canção não vem ser pranto Vem pra raiva organizar