Garota que não usa xampu Que passa sabonete no seu couro cabeludo Me diga quando começa a vida Se é na tarde que levanta a saia para a noite Ou na madrugada que abre a boca pro dia Garota que não usa xampu Que passa sabonete no seu couro cabeludo Insisto, quanto é que vale seu sorriso? Descarto comprimido entre os dentes E finjo que finjo entender tudo isso Uma interrogação Objetos iguais e um pedaço de chão Fechar o portão de dizer que estou indo E um ponto e virgula Me perder na avenida com jornais E as notícias já não são mais Já não são mais tão boas Nossos planos ficam a “tardear” E eu que nem escolhi a cor das nossas paredes E é por isso que fica assim Como um café, mas sem um fim Como um ponto final Ou não Garota que não usa xampu Que passa sabonete no seu couro cabeludo Me conta se sobrou uma bossa Me espera sã e salva saliva que eu já to voltando Bem no meio dessa madrugada Então ela veio como um furacão Com curvas de interrogação Num vestido de verão Nem precisa de refrão Pois mesmo sem saber Ela era toda feita de refrão