Eu sou a chuva que cái Se esparramando na terra O gado alçado que berra Lá no fundo da invernada, Sou noite de pirilampos Som de tropel de cavalos E a sinfonia dos galos Ao romper da madrugada. Eu sou um índio pampeano Criado em pleno rigor E um campeiro laçador Que acerto em toco de guampas, Sou léguas de alambrado Margeando os corredores E o sol processando as cores Na vegetação do pampa. Sou a cambona que chia No fogo lá do galpâo E um alarido de peâo No auge da chimarreada, Sou galo bom cantador Ternura de amor paterno E o frio que deixa no inverno Os campos brancos de geada. Sou guarnição da fronteira E as praias do litoral Deste rio grande bagual Um velho poeta novo, Sou verso que flui da alma Pra verdade cultivar Pois aprendi a escutar A voz que emana do povo.