Tá escurecendo lá pras bandas da barragem São nuvens negras repontadas do cristal Vento e poeira sobem peleando da estrada Prenunciando no meu pago um temporal, Até as luzes da cidade se acendem Foge sem rumo, um bando de chincoãs Todos na rua correm buscando um abrigo Pois se derrama um aguaceiro em camaquã. A gadaria vai em busca de um capão A passarada se recolhe em revoada Logo depois quando o sol se descortina Abre-se o dia e toda a lida é retomada, No campo as flores anunciam primavera As borboletas passeiam pelo jardim Vem pasto novo, bóia sagrada do gado E a alegria de quem planta não tem fim. Quem não conhece, eu convido venha ver Um paraiso que se esconde lá na serra Lembrança viva do grande barbosa lessa Que a natureza esculpiu em minha terra, De onde brotam as vertentes cristalinas E o vento xucro embala as folhas de papuã Lindo recanto da cascata de água grande Obra que o mestre reservou pra camaquã.