Vanessa da Mata

Debaixo da Saia Dela

Vanessa da Mata


Debaixo da saia dela
Tem um pé de jacarandá
Tem fruta do ingazeiro, menino
Tem janela pro mundo inteiro, menino

Debaixo da saia dela
Tem tam tam e tamborim
Beleza de Portinari
Certeza de felicidade

No sábado cedo desci a ladeira
E vi o menino, parecia de cera
Apaixonado, inebriado
Montou barraco naquela esquina

A primeira vez que a moça passou
Comprou picolé do seu carrinho
O pobre do menino criou raiz
Não saia de lá nem para ir ao banheiro

Os olhos compridos esperando a moça
Corpo desossado, a roupa torta
Esperando a moça virar a esquina
Paralisado, comida de mosquito

A saia comprida que ela vestia
Eu fascinava e ele me perguntou
O que ela leva, Dona
Embaixo daquela saia com tanto cuidado

Chamei o pai
Chamei a mãe
Ninguém tirou ele de lá

Os olhos compridos esperando a moça
Corpo desossado, a roupa torta
Esperando a moça virar a esquina
Paralisado, comida de mosquito

A saia comprida que ela vestia
Eu fascinava e ele me perguntou
O que ela leva, Dona
Embaixo daquela saia com tanto cuidado

Os olhos compridos esperando a moça
Corpo desossado, a roupa torta
Esperando a moça virar a esquina
Paralisado, comida de mosquito

A saia comprida que ela vestia
Eu fascinava e ele me perguntou
O que ela leva, Dona
Embaixo daquela saia com tanto cuidado

E eu falei

Debaixo da saia dela
Tem um pé de jacarandá
Tem fruta do ingazeiro, menino
Tem janela pro mundo inteiro, menino

Debaixo da saia dela
Tem tam tam e tamborim
Beleza de Portinari
Certeza de felicidade

Chamei o pai
Chamei a mãe
Ninguém tirou ele de lá