Vendo a pedra do rebolo Lembro meu pai, meu irmão Nós três afiando facão Para a erva desgalhar O tinido dos três listras Num ritual descompassado E os galhos amontoados Já prontos pra sapecar Um parapeito cuiúdo De tronco de bananeira E o pipocar na fogueira Lembrando fogo cruzado Depois de quebrar os brotos Que o calor deixa mais rijo Se ata e vai pro carijo Lá na beira do lajeado Um tacho de água, um pano pra aragem Causos de visagem só o fogo clareia Na noite vigília, dormir não se arrisca Se grudar faísca, de pronto incendeia Angico e maria-preta Formava' fogo e braseiro Neste rincão missioneiro Na noite fria e sem chuva Pra dar aroma na erva Quando a chama mostra a seda Pra abrandar as labaredas Galho verde de cabriúva Pra fora a forquilha troncha De quatro esteios cravados Paus roliços atravessados Com atilhos pela frente Assim se erguia um carijo No rincão onde nasci Legado dos guaranis Origem de minha gente Um tacho de água, um pano pra aragem Causos de visagem só o fogo clareia Na noite vigília, dormir não se arrisca Se grudar faísca, de pronto incendeia