É por essas e outras que eu fico lembrando lá da mocidade Pouca coisa a fazer, maioria lazer, o restante era tempo à vontade Nada pra lamentar, era só acordar que o café com fartura já tava na mão Dava até pra escolher o que ia comer sem gastar um tostão Era tudo tranquilo, sem pressa nem grilo, só deixava o tempo correr Sem nenhum compromisso, só no deixa disso, tinha alguém pra me manter Era só poesia, no banho-Maria, na simplicidade do feijão com arroz Assumir compromisso, nem pensava nisso, deixa pra depois Tudo pode mudar, vou passar a pisar em terreno pantanoso Se eu achar que o futuro será menos duro, pensamento enganoso Vou mudar de função, em lugar de patrão vou virar empregado Mesmo tendo razão eu vou ter que cortar um dobrado Foi então de repente que na minha frente passou uma obra de arte Coisa de outro planeta, quem sabe um cometa, talvez tenha vindo de Marte Verdadeiro achado, sem nada de errado, por mais que eu olhasse não via defeito Fiquei meio assim, muita areia pra mim, algo assim desse jeito Eu até me espantei, mas depois me liguei, foi olho no olho, deu liga Senti calafrio junto com arrepio, tonteira e até dor na barriga Corpo inteiro tremeu, isso me convenceu que o golpe era forte e sem reação Foi nocaute completo, um cruzado, um direto, perdi a razão Coisa complicada ter vida mudada por um sentimento avassalador Quando chega já era, ele vem como fera deixando refém o domador Toma conta de tudo e até quem é mudo arranja um jeitinho de falar Desse dia pra frente nem na própria mente consegue mandar Eu discordo da crença que amor é doença, mas quando ele pega é de matar Quem se acha por cima escorrega na rima e por certo vai desafinar É melhor aprender, tentar se defender só vai retardar a conclusão Não tem como escapar e nem tentar controlar coisas do coração