Vou te falar uma história que ninguém Vai querer te contar Porque na vida sobrevive Quem tem medo de falar, medo de falar Eu vou cantar todos os medos Os segredo, os anseios que guardo no seio E vocês vão ter que escutar, ter escutar Você é uma menina independente forte e estridente Se depender dessa gente vai acabar inconsequente Eu tenho sonhos que queria realizar Vozes pra poder equalizar Me julgaram por usar saia, calça, short, moletom Pegaram no meu pé por passar batom marrom Eu cair quando tentei voar Sem um botão para poder reiniciar Minhas antepassadas, todas dilacerados Só queriam queriam ter voz na sua própria casa Usar o que quiser pro que der e vier Até para votar eles pegaram no seu pé Cuide dos seus filhos, leve-os a escola Não sorria demais para não enrugar quando senhora Não deixe o vermelho aparecer Para não mostrar que vive algo em você Muitas morreram com pouca vida Como Frida nunca Kahlo até achar minha saída Ao invés do laço, um violão na mão Não sou a mulher que eles esculpiram Tem muito sangue nessa história mal-amada Nesses farrapos sujos, sujos de batalha Não deixe de levantar a voz Herdei da minha mãe esse jeito tão feroz Mas ainda falta muita mudança E começa na pobre criança Que cresceu com a arma na mão Dizendo pra mar que mulher só funciona no fogão Mas ainda falta muita mudança Ainda tem faísca de esperança As vozes não se falarão Até a última que eles derrubarão Vou te falar uma história que ninguém Vai querer te contar Porque a gente não tem medo de gritar medo de gritar Eu vou cantar para as mulheres, as senhoras E para moça que morreu no meio dessa história E vocês vai ter que nos escutar Ter que escutar