Cheguei feliz ao meu porto Estou mais moço e mais forte Encontrei paz e conforto Na vida, depois da morte Eis as rimas de outro norte Que escreve o poeta morto Com a ignorância proterva Que a morte é o fim, o homem pensa Julgando no talo de erva A paisagem linda e imensa Ah! feliz o que conserva As luzes doces da crença Quanta gente corre, corre Ansiosa atrás do prazer Sonha e chora, luta e morre Sem jamais o conhecer Não há ninguém que se forre Sobre a Terra, ao padecer Fecha a bolsa da ambição Não corras atrás da sorte Venera a mão que te exorte Nos dias de provação Tem coragem, meu irmão Ninguém se acaba com a morte No mundo vale quem tem Um cifrão de prata ou de ouro Mas, da morte ao sorvedouro Jamais escapa ninguém! No Céu só vale o tesouro Daquele que fez o bem Que tua alma em preces arda No fogo da devoção Deus é Pai que nunca tarda No caminho da aflição Nas mágoas do mundo, guarda A fé do teu coração Entre a fé e o fanatismo Muito espírito se engana A primeira ampara e irmana O segundo é o dogmatismo Goela aberta de um abismo Na estrada da vida humana A Terra, para quem sente Inda é torre de Babel Onde a prática desmente As ilusões do papel Muita boca sorridente Corações de lodo e fel Suporta a dor que te cobre Na estrada espinhosa e má Quem é rico, quem é nobre A essa estrada voltará É uma ventura ser pobre Com a bênção que Deus nos dá Na vida sempre supus Sem muita filosofia Que, em prol do Reino da Luz Basta, na Terra sombria Que o homem siga a Jesus Que a mulher siga a Maria