Meu grande amor, somos dois barcos tristes Que navegamos sempre em ondas fortes Por que seguimos rumos diferentes Um vai pro Sul e o outro vai pro Norte Pra onde vamos não existe porto No mar da vida somos clandestinos Dois condenados a morrer de amor Na tempestade do fatal destino Estou perdido e você também Estamos dois a chorar de saudades Não adianta navegar pra longe Se está tão perto a felicidade Estamos presos pelo compromisso Que a própria honra obriga a cumprir Mas que os nossos corações desejam Os nossos lábios não podem pedir Nas minhas noites de cruel revolta Sinto por dentro um coração que chora Por que o relógio do tempo marcou O nosso encontro tão fora de hora Me vi perdido pelo mar da vida E enfrentando a onda cruel Jamais iremos alcançar o porto Por que o nosso barco é de papel Jamais iremos alcançar o porto Porque o nosso barco é de papel Já fui um grão de areia, todos pisavam em mim Agora resolvi tomar uma decisão Não sou mais grão de areia, virei uma pedra bruta De pedra transformei também o meu coração De pedra muito dura fiz pra sempre meu destino De aço construí minha imaginação O pranto dos meus olhos para sempre envenenei Pra matar seu orgulho e a sua traição Sou um homem de pedra e não penso mais em nada Foi o meu sofrimento que me fez ficar assim Não amo mais ninguém e não quero ser amado E agora deste jeito quero ver quem pisa em mim Homem de pedra que não tem mais compaixão Não tem alma, não tem nada, nem amor, nem ilusão E só assim silenciou meu sofrimento Sou agora uma estátua sem abrigo no relento