São Paulo, Capão Redondo, ano 70 Casal de baiano chegando cheio de sonho Com uma filha na barriga e um já pra criar Daqui a pouco nasce D'Jalma, mulequinho da periferia Nos campinho de terra, dos revolvinho de pau Do amor a escola, as primeiras letras Cheio de sonho grande que o sistema não deixa realizar Ó o que a revolta faz Ó o que um sonho faz de quem não tem nada Tirado, sem noção, sem instrução, só o sonho e a revolta Acordo 8 horas tô saindo pra trampar Meus parceiros pontual tá esperando no lugar Saco da Pastinha o mapa da agência Sou pedreiro, eletricista, sou ladrão de consciência Meu parceiro já ganha o caminho do cofre Não mosca morô tru? Rapidinho com os malote Tá ligado que o alarme é online no depatri Poca ideia pro gerente, se não abrir cê logo bate Enquanto eu e o outro toma aqui os dois vigia Pega os caixa e te espera, pode pá que é nóis na fita Lealdade até o fim, contra os monstros do sistema Se os verme inconstar nóis troca sem problema Tô de furi, cê de uzi, nosso tru tá de granada Se é revolta que eles quer, pode vim que não dá nada O que tem a perder quem reside no capão Filho de dois nordestinos com o vulgo de Cascão Vítima da opressão, dos que é capitalista Que em todas viaturas tem o seu nome na lista Hostilizado, social, pra favela tipo rei Quando pega nas onça, faz a festa que é de lei Sem miséria mulecada, o papai não é o Collor Robin Hood criminal, que o sistema alimentou Cês deixou nóis passa fome, nóis aprendeu jejuar Cês botou a nossa mãe e nosso pai pra escravizar Nóis muleque foi crescendo, nóis foi só se revoltando Nóis pegava nos revolve de madeira e ia pensando É sistema um dia tudo isso vai virar E o veneno que nóis paga cês vai experimentar Meu Deus que castelo, já cheguei na missão Brigadeiro com a Paulista, Itaú de esquina jão Vai assalto dominado, todo mundo na moral Nóis só quer o que interessa pros presentes de Natal Aparentemente tá tranquilo aqui parceiro E o no cofre como tá? Tá gostoso? Tem dinheiro? Então se liga rá Se liga eu vou falar O sistema só acerta o que não pode evitar Eu quero ser feliz, mas no gueto só com sorte Enquanto o sistema quer de mim a minha morte Estouram no norte vou até me aposentar Tem até de mais aqui, cê não vai acreditar Só onça, tem peixe, tem várias amarelinha Vo lança uma Hornet pra catar aquelas vadia Que só sai com quem tem moto E também com quem tem carro Agora sou assalto a banco já não sou pé de barro Pra coroa uma goma com piscina de patrão Pra sair com a fiél o Azira tá na mão E não adianta se consta, nóis não tá de brincadeira Nóis tá bem organizado como tal de Cachoeira E vota em mim que eu prometo cultura, educação Resultado pra favela é Cpi do mensalão Aqui não, nóis que manda, nóis sacou e enquadrou Tô no cofre com o gerente que até já se cagou Sensação de poder, de mostrar quem que resolve Vê o sistema no meu pé, na mira do meu revolver Vamo embora já era, tá tudo no malote Mete marcha na Xt, sentido Zona Norte Quando os ganso cagueta, vai tomar no zona azul Nóis mora do outro lado no fundão do extremo sul Marginal até o fim, João Dias nóis encosta Dispensa 6 6, pega o carro e vai pra grota E chega no disbaratino, estaciona na Diogo No fundo do bar do Zé onde a rapa vê o jogo E para comemorar liga a tela no Datena Só pra ver se ele fala que esse crime é de cinema Fala nada ele é sensacionalista, nunca vai reconhecer Que aqui os terrorista foi criado das mazelas E abandono de vocês Nóis tá vivo de verdade porque os fraco não tem vez É do Capão pro Datena, do Datena para o mundo Vem comigo no refrão, vem comigo vagabundo Então se liga rá Se liga eu vou falar O sistema só acerta o que não pode evitar Eu quero ser feliz, mas no gueto só com sorte Enquanto o sistema quer de mim a minha morte Cês acharam que comprou nosso rap gangueiro Lamentável, eis me aqui, Trilha Sonora o verdadeiro Criminal, gangsta, represento a favela E mesmo em 12 13 amo e morro por ela Vou além, muito além, do que ensina a lição De morrer por sua tese ou viver sem a razão Sei que a modernidade derruba todas barreiras Num me vendo por ibope, eu não tô de brincadeira Aqui não, chip não, eu ainda sou travado Pega esses moderninho que já tá desbloqueado Eu sou gueto original, com dinheiro, sem dinheiro Represento o Capão e a quadrilha dos guerreiro Vai pagar que tô sozinho na minha apologia Que os meus só falta aí Natal de Ana Maria Tá na globo meio dia, na record já foi a Xuxa Como todo movimento nóis do rap tem os bucha Eu pergunto pra você, se você já escutou Que o rap é o poder do paralelo seu doutor Nóis tem vários kamikaze intocado como raro Que na hora do arrebento se apresenta isso é fato Sei que pra você seria bem melhor se o Cascão Junto com esse Zequinha fosse na televisão Mas aí eu te pergunto como vai continuar E a bandeira do V. L quem é que vai carregar Humildade ou pretensão, lamentável vou dizer Aqui é T$G, programado pra morrer Fala que é nóis que tá, cá favela pra somar Pra narrar as covardia da polícia militar Cês mataram o neguinho só porque era DJ Saia da mira dos tiras, será isso? Eu não sei Tá chegando o fim do mundo, cê já ri com vagabundo Todos nós tão caminhando juntos para o fim do túnel Sou profeta vou dizer, que o seu mero poder Da mídia globalizada vai é desaparecer Quem caiu na ilusão, pode entrar em depressão Já pensou cantor de rap amargando a solidão? De volta pra minha terra o Gugu faz a entrega Tem que ver se o gueto quer a mercancia que não presta Tô saindo fora sim, orgulhoso aqui de mim Com saudades do Sabota que partiu sem despedir Ao meu povo do Brasil, sou trassante de fuzil A vitória é dos forte e de quem não desistiu Pro sistema vou dizer, ainda sou contra você Só se liga no refrão que eu fiz pra fortalecer Então se liga rá Se liga eu vou falar O sistema só acerta o que não pode evitar Eu quero ser feliz, mas no gueto só com sorte Enquanto o sistema quer de mim a minha morte Ó pai ó, o sistema continua o mesmo, 2013 Você cantor de rap que não pode ver O celular com câmera na praça da Sé Que já tá dando entrevista, chego né? Chego! Você falou, falou, falou mal, e ele te pegou, ele te pegou Ele venceu você pelo cansaço, mas aí Trilha $Onora Do Gueto, Pita Araújo A função anti-sistemática continua Aqui não sistema, aqui é Capão Redondo Original