Totonho Villeroy

Garganta

Totonho Villeroy


Minha garganta estranha quando não te vejo 
Me vem um desejo doido de gritar 
Minha garganta arranha a tinta e os azulejos 
Do teu quarto, da cozinnha, da sala de estar 
Venho madrugada perturbar teu sono 
Como um cão sem dono me ponho a ladrar 
Atravesso o travesseiro, te reviro pelo avesso 
Tua cabeça enlouqueço faço ela rodar 
Sei que não sou santa, vezes vou na cara dura, 
Vezes hajo com candura pra te conquistar 
Mas não sou beata, me criei na rua 
E não mudo minha postura só pra te agradar 
Vim parar nessa cidade por força da circunstância 
Sou assim desde criança, me criei meio sem lar 
Aprendi a me virar sozinha 
E se eu tô te dando linha 
É pra depois te abandonar 
Aprendi a me virar sozinha 
E se eu tô te dando linha 
E pra depois te abandonar