É só sliêncio que sinto, minha alegria se cala Rua de carros suspensos no ar Rua de estranhos chapéus que pensamentos exalam Insustentável leveza do olhar Ruas recortam fronteiras tão longe tão perto de mim Lambendo a poeira, roçando nos pés Ruas que são porto aberto de amores, dores e afins Trazendo notícias e outros papéis Ruas por onde se encontram paixões escondidas Gerando outras ruas de sonhos bebês Sonhos de ruas que cruzam cidades perdidas Tesouros que o tempo não soube comer Mas numa rua eu te encontro e uma alegria se instala Entre faróis e avenidas nossos amores se embalam Ruas de balorixás onde uma chama palpita Pedindo por graças a um santo do bem Rua pancada despita que em mais nada acrdedita Nem olha pros lados, nem flerta ninguém Ruas que batem no peito onde outros passos ecoam Descendo a ladeira sem olhos pra trás Rua de estampidos secos e alguns sapatos que voam Bandidos polícias e anjos da paz Rua esquecida na câmera lenta do tempo Sem pedra polida, de nome qualquer Ruas que nunca existirma e cismam ao vento Sem gente bonita ou gente sequer Mas numa rua eu te encontro … Ruas da minha cidade de madrugadas malditas Do cheiro do mijo de um século atrás Ruas de outras cidades onde me identifico Em Praga, Paris ou num beco do Brás Ruas sem contos de fadas onde adormecem os meninos Na rua da praia, num beco ou paiol Ruas da cor do ipê, de novembro do sul do Brasil De nuvens vermelhas na hora do sol Rua que é meu endereço onde tudo começa Meus planos, meus passos, por onde me vês Rua de onde me ausento a passar outras ruas Ao longe, ao tempo, bem mais do que um mês Mas numa rua eu te encontro e uma alegria se instala Entre faróis e avenidas nossos amores se embalam