A lenda se desdobra em mar aberto Gigantesco, ermo, frio e sem fomento Uma luz esquiva cinge o céu deserto Tudo é dúbio e turvo aqui nesse momento Começo de uma rota sinuosa Sob o hálito viscoso de neblina Tomo a espada sobre a palma sem abalo e avanço pela espuma sulfurina Periga existir, periga existir Meu nada querer, oh! meu talismã… Periga existir… meu nada querer Oh! meu talismã… São muito perigos São duros castigos ao corpo nu na amplidão Mas vago sem trégua São sete mil léguas onde os tesouros estão Quantos ardis sobre a negra nau O embate é solitário e é forte a correnteza Vou dar muito além, um erro é fatal Mas nada me detém: uma Deusa me quer bem Periga existir… Em domínios estrangeiros dou por terra Uma luz negra paira sobre o vento Sei das provas que o destino me reserva Deixo firme as provisões do armamento Pressinto a batalha monstruosa Contra a fúria das medusas e gigantes Levo ao punho minha lança poderosa E avanço pela escarpa cintilante Periga existir… São muitos algozes São monstros ferozes os guardiões do templo onde vou Mas luto sem prece O céu estremece, quem sabe um Deus me guiou Venço num triz o duelo final Descubro o relicário e encontro a chama acesa Já posso voltar. O mar é cruel Mas um vento veloz vem: Uma Deusa me quer bem! Periga existir…