(Cheguemo lá em São Paulo Onde nóis fomo passeá Os pregões que nóis ouvimos Agora vamos contá) Uma rua que é torta Chamada rua Direita Veio um home com os papér E quase que nóis aceita Nóis corremo inté de medo Ouvindo a gritaria Oi a vaca, oi o touro Vai corrê a loteria (“É a vaca pra hoje, vaca com o noventa e nove É o gato, é o gato, leva um pedaço do cachorro Sorte grande, vai corrê hoje! ”) Ali na praça da Sé Nóis fiquemo admirado O povo em vorta de um home Que falava disparado Óia a pomada pra calo Foi assim que ele falô Só depois que nóis soubemo Que era o tár de camelô (Vamos chegando, meus amigos Vamos soltar a cobra A última novidade Temos canetas e meias para vender a preço de propaganda) Numa rua lá do Brás Uma rua estreitinha Nóis vimo um espanhór Empurrando a carrocinha E gritava toda hora O véio tudo lampeiro Ferro veio, ferro véio A garrafa e o garrafeiro (Garrafeiro! Quem tem garrafas para vender? Ferro veio, compro ferro veio Garrafeiro) Empurrando o carrinho Que tinha uma roda só Vimo um home com um apito Inté fiquemo com dó Batendo na frigideira Numa esquina ele falô Quem dizia com a mola Eu já sô amolado (Atenção! Amolador de faca e pirrôrra Alô, amolador de faca e pirrôrra!) Essa grande capitár É mesmo uma confusão Tem muita gente na rua Parece até procissão No meio de uma praça Tem um home com um jornár Que gritava, óia o Dia E o Diário Popular (A Campola, Gazeta Esportiva O Diário da Noite, Última Hora Leia a Segunda Edição do Jornár do Comércio Diário Oficial, Diário de São Paulo O Estado, O Esporte, Diário de São Paulo)