O negro foi rei, foi soberano, Feroz caçador, grande guerreiro Na terra natal, solo africano, Exímio artesão e feiticeiro. Até que com bota a meio cano Chegou o invasor aventureiro. Navio-negreiro no oceano, O negro se foi pro cativeiro. Foi preso na argola da senzala Com marca de dono a ferro quente. Porém cada vez que o açoite estala O negro só fica mais valente. Encara punhal, chicote e bala, Zumbi dos Palmares vai na frente, E ao som do tambor que não se cala A espada de Ogum quebra a corrente. A lei da princesa acaba a guerra Mas livre ele fica no abandono, Primeiro trabalhador sem terra Já que toda a vida foi colono. Mas como Palmares, lá na serra, Não tem feitor, não tem mais dono, E a história do negro não se encerra Pois quem já foi Rei não perde o trono.