Depois do almoço na sala vazia A mãe subia pra se recostar E no passado que a sala escondia A menininha ficava a esperar O professor de piano chegava E começava uma nova lição E a menininha, tão bonitinha, Enchia a casa feito um clarim. Abria o peito, mandava brasa E solfejava assim: Ai, ai, ai Lá, sol, fá, mi, ré. Tira a mão daí Dó, dó, ré, dó, si. Aqui não dá pé Mi, mi, fá, mi, ré E agora o sol, fá Pra lição acabar. Diz o refrão: quem não chora não mama. Veio o sucesso e a consagração. Que finalmente deitaram na fama Tendo atingido a total perfeição. Nunca se viu tanta variedade A quatro mãos em concertos de amor. Mas na verdade tinham saudade De quando ele era seu professor E quando ela, menina e bela, Abria o berrador: Ai, ai, ai Lá, sol, fá, mi, ré...