Se eu vivesse numa caixa Na despensa ou na bagunça Faria pouco barulho e dormiria sempre Talvez as visitas de longe quisessem ver O estranho, o bizarro, a vida fora da ordem Meus cabelos explodem as tampas E não há nada que contenha o som Do olhar triste, sóbrio, afiado Se eu fosse um verbete, daria nós No sentido lógico finito limpo E vocês ficariam tontos com o clarão azul Pois me despeço com presentes Onde passo a alma fica e transforma E se olhar fundo, arrebentando o lábio Em sorrisos ancestrais e novos Pelo caminho solo vem a existir Voltaria, mas pensar nisso distorce Impossível regressar os rios Em oceanos fósseis, chuvas nascem Pelos ventos úmidos a terra molha Dentro da mata a fonte brota E a água nos ensina a renascer