Somos o olhar da esperança e liberdade Fomos excluídos da cidade Fugimos da guerra, da seca do sertão A própria miscigenação Erguemos a realidade, sem régua, sem regra Sem dinheiro A necessidade nos faz engenheiros Caixote é armário, esteira é colchão Muito sinistro, pra lá de maneiro Viver na pobreza e ter inspiração Tá ligado, tô bolado e daqui não saio Com muito orgulho, o povo favelado É comunidade, é gente de bem Se cai um barraco, sobem mais de cem As vezes pesadelo Um beco sem saída Tão jovem sentir no peito A causa e o efeito de uma bala perdida Mas o morro é trabalhador Dá um jeito, tem direito à paz e amor E na batida do funk ser feliz Na poesia, o samba nos levar Exemplo pro mundo, é fé no futuro É chegar junto, se misturar São Clemente hoje é favela Favela vem toda cantar com a gente A gente é festa na Passarela E a Passarela é São Clemente