Quando nada existia Uma tela vazia No infinito do criador Olodumarê traçou a vida Numa aquarela multicor Axé abrindo todos os caminhos O papel, a tinta encontrou Habita o tronco e a raiz Sem folha não há orixá No verde da mata é Oxossi A dona do ouro é Oxum Iemanjá, rainha dessa imensidão azul E no risco do obá, a arte em movimento Chão de terreiro é pra plantar Assentamento Firma ponto, candongueiro Deixa a gira girar Abre a roda que o ilu toca a revolução A semente germinou nas ladeiras Nos batuques e em cada barracão Ê, laroyê! Ê, Bahia De todos os santos, de todas as cores Cortejos em cantos de tantos andores Inaê, odoyá Na fé dos barqueiros Tem flores no mar, dia dois de fevereiro No tabuleiro tem dendê, acarajé Tem batuque, tem axé na sinfonia imperial Nessa avenida, a mais linda pintura Leva a assinatura de um artista genial Kaô Cabecile, kaô Kaô Oba nixé, kaô Chegou meu império no toque do tambor No axé das cores do obá de Xangô