Tim

O último barco

Tim


Vou no ultimo barco 
para o outro lado
cabeça desfeita
casaco molhado
meus olhos vazios
de quem nada espera
vagueiam na noite 

O vento é cortante 
são negras  as ondas
escondem segredos
estas águas profundas
aperto o casaco
bem junto à garganta
sinto um arrepio...

Que estranha esta névoa
que estranha é a noite
que estranho este rio
e este barco vazio...
não há uma luz
não há um farol
tenho tanto frio

Do fundo das trevas
ouve-se um assobio
e o barco pára
no meio do rio
uma sombra enorme
uma muralha de ferro
aparece do nada

Do tamanho de um prédio
e a força de um gigante
vai saindo à barra
essa massa transcendente
arrasta consigo 
meus sonhos de infância
de correr mundo 
de vencer a distância

Que sorte a minha
que noite malvada
ondulam fantasmas  
na espuma gelada
o arrais sorri com o seu olho só
no ultimo barco
sozinho eu vou!