Tim

Contraluz

Tim


Eu não sei para onde vou...
eu não sei bem onde estou

Um Sol enorme 
vai-me derretendo as ideias
Pareço suspenso 
no momento anterior
Observando por uma fresta 
esse contraluz intenso
Capaz de tudo fundir
De tudo moldar
De tudo juntar
Antes de sufocar 
lembro-me de ficar 
preso em Lisboa
Num fim-de-tarde tão quente
Em que respirar 
parecia uma tarefa impossível
Nem os pombos nem os eléctricos 
se arriscavam ao movimento
Enquanto a Terra abrandava
e o pessoal jurava 
que nunca vira nada assim

Ei
Será que o Tejo secou
Será que o mar se afastou
E a cidade ficou branca e oca
vazia como uma concha

Ei
Será que tudo acabou
Será que o tempo parou
E eu sou o ultimo a ver
A vida a desaparecer
Não pode ser....