Eu não sei para onde vou... eu não sei bem onde estou Um Sol enorme vai-me derretendo as ideias Pareço suspenso no momento anterior Observando por uma fresta esse contraluz intenso Capaz de tudo fundir De tudo moldar De tudo juntar Antes de sufocar lembro-me de ficar preso em Lisboa Num fim-de-tarde tão quente Em que respirar parecia uma tarefa impossível Nem os pombos nem os eléctricos se arriscavam ao movimento Enquanto a Terra abrandava e o pessoal jurava que nunca vira nada assim Ei Será que o Tejo secou Será que o mar se afastou E a cidade ficou branca e oca vazia como uma concha Ei Será que tudo acabou Será que o tempo parou E eu sou o ultimo a ver A vida a desaparecer Não pode ser....